Proprietários colocam suas casas à venda por falta de segurança
A
beleza natural está refém do crime. Em quesito de insegurança, em cada
esquina, ou calçada, do litoral norte potiguar muitas histórias a
contar. Nas praias de Jacumã, Porto-Mirim e Muriú, localizadas no
município de Ceará-Mirim, é fácil encontrar alguém que foi vítima da
incapacidade da polícia de conter a sanha criminosa. Assalto à mão
armada, arrombamento e até assassinato dividem espaço com as belezas
naturais das praias turísticas e se tornam cada vez mais frequentes na
região. O contrato de segurança particular não é apenas uma opção.
Moradores e comerciantes recorrem ao contrato de vigias, câmeras de
segurança, alarmes e até cães de guarda para remediar o medo que se
alastra por se tornar mais uma vítima.
Eliene de Souza, comerciante local, amarga a perda do pai num assalto
ocorrido há um ano. “Mataram meu pai por causa de R$ 3 mil”, conta. Ele
estava em casa, após um dia trabalho no mercado da família. Histórias
sobre assaltos não faltam para ela. O comércio tanto já foi roubado a
mão armada, quanto arrombado, por diversas vezes, fora as abordagens
pessoais. “Minha segurança é só Jesus. Vivemos a todo momento na
expectativa de algo acontecer”, confessa a comerciante que paga um vigia
para a noite, e instalou câmeras e alarme no prédio.
Dentre a causa dos males, a falta de estrutura para o policiamento é
apontado como a principal dificuldade. O único posto policial que cobre
tanto Muriú, que contém mais de 9 mil habitantes, quanto as outras duas
praias está fechado para reforma há quase um mês. Mas, segundo os
moradores da região, antes mesmo da obra ele já não era utilizado há
algum tempo pelas péssimas condições do posto policial.
Na Praia de Muriú duas vias caracterizam o local. Enquanto na avenida
Antônio Basílio, que adentra em direção ao mar e se concentra a
movimentação comercial da cidade com mercados, farmácias, moto-táxi, na
Rua Nova, as casas vazias de exclusivo uso para o veraneio prevalecem e
se tornam alvo comum do crime. Em todas as três praias placas de oferta
para venda e aluguel são constantes. As pessoas cansaram de esperar por
mais segurança nos meses que seguem ao veraneio.
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