CEARÁ-MIRIM
DEU NA TRIBUNA
A falta de estrutura na saúde pública não é novidade para os
profissionais brasileiros e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Os
médicos do programa que chegaram a Ceará-Mirim disseram que conheciam a
realidade brasileira, mas não tinham ideia que seria tão complicado
tentar negociar melhorias. Um dos locais de trabalho dos médicos
estrangeiros é o posto de saúde São Geraldo, localizado à rua Oito de
Dezembro. Lá, a equipe da TRIBUNA DO NORTE encontrou lixo e substância
infectante dentro de uma das salas do imóvel. Os móveis estão quebrados,
enferrujados e equipe desmotivada. Ceará-Mirim conta com três médicos
estrangeiros do programa federal.

A pouco mais de dez quilômetros do posto São Geraldo, a realidade é
ainda mais dura. Não é a primeira vez que Alcides Maldonado sai da
Espanha para trabalhar em outro país. Entre as experiências
profissionais, ele passou alguns anos em missão na República do Congo –
país africano com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) quase duas
vezes pior que o do Brasil. Ao comparar as duas realidades, define: “A
África é aqui. Em Ceará Mirim está pior”, enfatiza.
Para chegar a esse diagnóstico, o médico pondera algumas variáveis. “O Brasil é a sétima potência econômica do mundo. É inadmissível que encontremos situações como essas. Sinto que não há interesse em mudar o cenário”, diz. As “situações” as quais o médico se refere são diversas. Logo que chegou à Ceará Mirim, Alcides mandou fechar dois postos que, segundo ele, não tinham as minímas condições de uso. Num deles, não há água encanada e energia.
Para chegar a esse diagnóstico, o médico pondera algumas variáveis. “O Brasil é a sétima potência econômica do mundo. É inadmissível que encontremos situações como essas. Sinto que não há interesse em mudar o cenário”, diz. As “situações” as quais o médico se refere são diversas. Logo que chegou à Ceará Mirim, Alcides mandou fechar dois postos que, segundo ele, não tinham as minímas condições de uso. Num deles, não há água encanada e energia.

No posto onde atende, faltam medicamentos simples para tratamento de
hipertensão e febre, por exemplo. A água distribuída para a população do
Projeto Santa Águeda é outra preocupação. “Não há qualquer tipo de
tratamento. As crianças estão doentes e não adianta remédio. Tem que
tratar a água”, diz. Alcides Maldonado confirma não ter recebido ajuda
de custo para hospedagem e alimentação em Ceará Mirim. Por causa disso, o
aluguel da casa localizada na praia de Muriu está atrasado. “E já
recebi o aviso de que, se não pagar essa semana, serei despejado”,
informa. Diante das dificuldades, Alcides decidiu que vai solicitar à
organização do programa Mais Médicos a relocação para outro município.
“Se não mudarem a situação aqui em Ceará Mirim, vou pedir
transferência”.
A reportagem tentou contato com a titular da secretaria de Saúde de
Ceará Mirim, Maria Elaine Bezerra. Na manhã da última sexta-feira, a
gestora não estava na sede da secretaria. Um funcionário, que não quis
se identificar, explicou que ela estava em Natal participando de uma
reunião e não tinha hora para chegar na Secretaria. O servidor forneceu o
telefone celular do secretário adjunto, Carlos Filho, mas o aparelho
encontrava-se desligado.
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