A história da laranja
Em um determinado reino havia certa inquietação junto aos súditos, pois a hora
de o rei aposentar-se estava chegando e não havia herdeiro para
sucedê-lo. Ninguém sabia o que iria acontecer e a apreensão era grande.
Então, em uma determinada manhã, o rei anunciou que faria uma prova para
escolher seu sucessor e que os interessados deveriam comparecer, no dia
seguinte, junto à beira do lago real. E, assim foi, inúmeros
pretendentes ao trono compareceram, todos muito apreensivos, mas com
muito interesse em ser escolhido e assumir a condição de rei. Começou o
processo de escolha e individualmente os candidatos se aproximavam do
rei, que estava à beira do lago real, e ouviam a seguinte pergunta: "O
que há na outra extremidade do lago?" O primeiro candidato olhou,
olhou... deu alguns passos para o lado, voltou e disse: "Excelência,
parece-me que o que está no outro lado do lago é uma laranja." O rei
agradeceu a resposta e dispensou-o. Veio o candidato seguinte, a
pergunta foi feita pelo rei, e a resposta foi dada de forma rápida, pois
a questão era singela: "eu acho que é uma laranja". Outros responderam:
"é um objeto arredondado, cor laranja." E assim inúmeros palpites foram
dados. A todos o rei agradeceu e todos foram dispensados. Já sem muita
esperança, o rei viu o último dos candidatos aproximar-se, e fez a
pergunta: "O que há na outra extremidade do lago?" O candidato olhou,
aproximou-se ainda mais do lago, entrou no lago, fez a sua travessia,
pegou o objeto na mão e depois de examiná-lo retornou até o rei e disse:
"Excelência, o que está na outra extremidade do lago é uma laranja." O
rei, com a certeza de que aquele candidato era diferente dos demais,
escolheu-o como seu sucessor.
Grande parte das
organizações públicas ainda permanece à beira do lago "achando isso" e
"achando aquilo", gerando insegurança para os seus servidores e abrindo
espaço para que a sociedade questione o porquê delas existirem. Se a
instituição pública existe, ela precisa justificar-se junto à sociedade e
essa justificação exige a travessia do lago e a exata identificação do
objeto a ser alcançado. Incertezas, indefinições, palpites,
suposições... são expressões que devem aos poucos ceder lugar para
outras como: plano, ação, controle e avaliação. A travessia do lago pode
não ser muito fácil, mas a certeza do que vamos encontrar na outra
extremidade é fundamental para os resultados que se pretende alcançar.
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