terça-feira, 2 de agosto de 2016

HOMENAGEM AO SAUDOSO DR. GUILHERME LUIZ BARBOSA DE QUEIROZ


ACLA PEDRO SIMÕES NETO

MÊS DE MAIO
Guilherme Luiz Barbosa de Queiroz
Fragmento do livro “História da Freguesia de Ceará-Mirim”, publicado em 2007, pags. 47/48. No final do artigo, a ACLA apresenta um resumo biográfico do autor.

Para quem volta sem nunca ter partido, o tempo e a estrada das lembranças, são apenas uma aventura da alma. Retorna aquele menino o caminho do rever. Era o mês de Maria, nossa Senhora lá estava com seu manto azul de todos os tempos, “Quem, no Ceará-Mirim, não se abrigou debaixo dele? Quem não viu azul nas horas alegres e tristes? Na matriz sente ele a sensação de que tudo parou para que nada faltasse a essa volta encantada, era o menino que ia crescer, o tempo faz a sua regressão misteriosa. Bom seria um menino poeta. Na matriz, pensa estarem chegando os que chegavam, diziam seus nomes baixinho. Na volta sem partida não perdeu de vista a matriz. A solene festa se realiza são 31 noites, as rosas tornam a matriz mais linda, parecem falar, o menino estava mais uma vez na festa mais linda da virgem Maria. Cada noite tinha seus patrocinadores, “os noiteiros”, eram assim denominados, caprichavam nas suas noites, seus nomes eram lidos com o valor doado. Banda de Música, fogos, aplausos, vivas à Virgem Maria.

Para o menino o maior artista do mundo estava presente. Seu Cristino, o fogueteiro, preparava um espetáculo pirotécnico de rara beleza, que variava de acordo com o que pagava o noiteiro. Todos de pé na calçada da matriz a assistir, fazia umas girândolas lindas de um lado e outro da matriz, que se comunicavam por fio de arame, no qual corria uma tocha denominada de telegrama, e ao acender a do destino, aparecia a imagem da Conceição, palmas, vivas e toda uma aclamação à dona do manto azul estrelado. Viriam as noites seguintes. Eram outro espetáculo, demonstração da ostentação do pouco que ainda restava, os homens trajados tal qual na festa do dia 8 de dezembro. As vitalinas da mesma maneira. Uma dessas parentas do menino de terno azul, usou 31 vestidos e calçou 31 sapatos, o exagero foi comentado, quase havendo uma desavença, o pai do menino ciente daquele exagero de sua parenta disse “você é como ... quanto mais bole mais fede.” O menino até então não pressentiu, que sua parenta era realmente feíssima, o luxo era um detalhe. Nossa Senhora da Conceição, não se fez de rogada, na imaginação do menino que pareceu escutar:

“Eu só tenho um manto, você tem demais, alguns nada têm, necessário que lhe tire o exagero, para purificar sua alma da vaidade.” Na verdade restou tão pouco, os castigos e os milagres acontecem a quem merece.


RESUMO BIOGRÁFICO DO AUTOR

Bacharel em Direito, licenciado em História e em Estudos Sociais. Exerceu a advocacia como profissão, mas sempre dividiu o seu mister com a nobre missão de professor (de História, de Geografia, de Desenho e de Legislação).

Além do grande intelectual que foi, era também um grande artista, embora cultuasse a arte apenas como hobby, o que fazia nas horas vagas e sem nenhuma remuneração. 

Fazia belas telas à óleo, embora o seu prazer fosse a restauração de peças de arte. Era um excelente desenhista, destacando-se no bico de pena à nanquim, desenhando os casarões do Ceará-Mirim – a sua obra está em exposição permanente no Fórum Municipal. Era também especialista em caligrafia, tendo feito cursos com o professor Henrique Goutu, um dos maiores nomes na área. 

Publicou em 2008, um livro intitulado “História da Freguesia de Ceará-Mirim”, mas sabe-se, por comentários seus feitos a amigos, antes de partir, que deixou concluído um livro sobre a história da cidade. Que os seus herdeiros não privem o Ceará-Mirim desta obra tão importante.

Faleceu em 1º de maio de 2009.



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