GLOBO FC
Marconi Barreto: O clube tem de ter dono
O empresário Marconi Barreto credita o título do primeiro turno do
Campeonato Potiguar a uma forma inovadora de administração do clube, na
qual o “proprietário” dá as cartas sem a interferência de outros
agentes, como ocorre nos clubes tradicionais.
ENTREVISTA
Marconi Barreto a que você credita essa jornada de sucesso do Globo?
Estou
creditando a uma organização interessante que estamos conseguindo
fazer, promovendo reuniões constantes com os atletas e colocando a
realidade da profissão que eles escolheram seguir. Primeiro a gente
detecta quem é que tem uma condição razoável para bom, depois mostrando
quais são os verdadeiros potenciais de cada um e, em terceiro lugar,
procuramos fazer o atleta ver que a vida dentro do futebol é muito curta
deixando claro a todos que ou eles aproveitam esse tempo curto ou não
terão sucesso na vida. Eles estão absorvendo bem essas palestras e dai
vem essa dedicação integral que eles apresentam dentro do clube e no
campo de jogo também.
Mas esse tem sido o diferencial do Globo em relação aos adversários?
Essa
dedicação integral é o que está realmente fazendo com que as coisas
aconteçam a nosso favor. Além do mais, também conseguimos montar uma
base boa, misturada com alguns jogadores rodados pelo futebol potiguar. A
maioria dos nossos atletas são ex-jogadores da região: Robson, Nininho,
Messinho, Renatinho Potiguar, Didi, Miller. A mistura desses jogadores
com os meninos promissores das nossas bases também vem se mostrando
perfeita. É uma combinação muito boa.
Você esperava uma ascensão tão rápida no cenário profissional dessa equipe recém-fundada?
Confesso
que desde o princípio meus planos eram audaciosos, mas não a esse ponto
de ganharmos tudo que estivéssemos disputando. Isso faz uma diferença
muito grande.
Alguma coisa nesse início de história do clube te causou surpresa?
O
que vem me deixando mais surpreso e também satisfeito é o envolvimento
daquela região toda capitaneada por Ceará-Mirim. O envolvimento do
torcedor com o Globo é de admirar é um envolvimento que já faz o
torcedor chorar em campo emocionado com a conquista do clube. Posso
dizer que já está virando uma religião, isso é fantástico. Em
Ceará-Mirim, uma cidade que possuía uma carência de representação
esportiva muito grande, as quartas-feiras e os domingos passaram a ser o
dia de se dedicar ao Globo, no estádio Barrettão.
Essa equipe
é toda sua, os jogadores possuem contrato com Marconi Barreto? Existe
multa contratual? Como é a formação desse grupo?
É todo meu com
exceção de Felipe Macena. Todos têm contrato comigo, com multa
rescisória bastante alta em alguns casos. Para vocês terem uma ideia,
existem atletas com multa estipulada no contrato de R$ 5 milhões.
Quanto está sendo investida nessa equipe? A Folha de pagamento?
Hoje
uns R$ 200 mil, mas quando cito folha com futebol, digo por completo,
aquilo que eu gasto na atividade futebol incluindo salários, impostos e o
custo de manutenção do nosso Centro de Treinamento.
Esse início vitorioso norteia bem os planos que você tem e deseja implementar na região?
Eu
estou realmente fazendo um projeto para região, um projeto de uma mini
cidade para 30 mil pessoas, onde os moradores tenham condição de se
deslocar até o trabalho de bicicleta ou, até mesmo, caminhando. Minha
intenção é reduzir o problema da mobilidade urbana, que tira horas
preciosas dos nossos trabalhadores nos grandes centros.
Os clubes ainda têm mais alguns dias para contratar, virão mais reforços para o campeão?
Virá
apenas o Messi, goleiro que defendeu o Palmeira de Goianinha. Nós
tivemos de abrir mão de Sérvulo e estávamos com essa lacuna no elenco.
Aquela promessa de que o Globo estará na divisão de elite do futebol nacional em cinco anos, ainda está de pé?
A
gente tem de ter objetivos e se planejar para atingi-los. A minha
primeira etapa é chegar na série D, nos cálculos que fiz mesmo não tendo
sucesso em um ano, ainda dará para cumprir essa promessa. Mas se
depender apenas da minha vontade, vamos chegar na séria A em quatro
anos.
O mundo do futebol, os bastidores te deixaram surpreso?
Os
bastidores do futebol são um mundo intrigante, porém eu gosto de
desvendar as coisas que me intrigam. São esses segredos que eu estou
desvendando agora. O Brasil mudou, é um país honesto e para as coisas
erradas vamos usar a lei.
Neste início de carreira como dirigente, algo chegou a te decepcionar e até te desanimar e pensar em parar com o projeto Globo?
Chegou,
no dia do jogo do ABC, aquele pênalti desleal, que não chegou a
acontecer mas foi marcado contra o nosso time. Ali cheguei a imaginar
que aquele realmente não era o meu mundo e pensar de alguma forma a não
continuar com o futebol. Vi que contra aquele tipo de coisa eu não
poderia prosperar.
Futebol se ganha apenas dentro de campo?
Futebol
se ganha apenas dentro de campo quando existe realmente princípio. Mas
para isso você precisar ter um grande mestre, aquele grande
administrador para não deixar nada de fora influenciar o seu atleta.
Ponto número dois é saber bloquear forças externas que venham a
influenciar as arbitragens. Futebol se ganha dentro de campo, pois
partiu para o tapetão, deixa de ser futebol. É por isso que os nossos
estádios estão ficando cada dia mais vazios e os grandes gerentes não
estão enxergando isso, preferem olhar basicamente para os seus
interesses pessoais e a questão vem provocando um descrédito acentuado
em relação aos clubes e ao próprio esporte.
A administração realizada hoje em clubes tradicionais como ABC e América está falida?
Completamente
falida e não prospera. Existe muita gente para administrar uma coisa
que não requer tantas pessoas. Precisamos ter pouca gente decidindo os
rumos a serem tomados, de forma correta e sem esconder interesses
pessoais. O interesse deve estar completamente voltado para o clube,
isso tem de ser administrado ou pelo dono do time ou de forma externa
por alguém que assuma todas as responsabilidades. O clube tem de ter um
dono ou, no mínimo, uma administração profissional. Um clube não pode
ser tocado por simples torcedores apenas.
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