Cuidado com o bolso
Poeta popular com vasto e multifacetado círculo de amizades, além de possuir
reconhecido talento, Onésimo Maia é convidado para participar de uma festa na
casa de um político seridoense. Sua tarefa é a mais simples possível, em face da
sua capacidade criativa : enfocar através dos versos e com sua viola quadrantes
da vida política dos envolvidos naquele encontro, como se fosse um Homero a
narrar em forma de rima épicos sertanejos. Mostrando sua arte, Onésimo Maia
desperta o entusiasmo de muitos circunstantes. Entre eles, o ex-governador
Aluízio Alves, que resolve fazer um agrado. Aproximando-se, Aluízio, com os
dedos entrançados, coloca uma cédula no bolso da camisa do poeta. Onésimo, de
chofre, toma o gesto como tema ao improviso :
Doutor Aluízio Alves agora compareceu
Meteu a mão no meu bolso, vou ver o que ele me deu
Do jeito que ele é
sabido, pode ter levado o meu.
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